20.10.04

Rotas de viagem...

Está chegando perto o dia do meu suplício (ou talvez todo o percurso já o seja, embora eu não queira sair disto)... o dia em que estarei pendurada pelos pés num tronco... o dia em que terei que fugir de mim para, talvez, poder me reencontrar algumas horas mais tarde, já aliviada mas exausta, apreensiva, com um medo louco de “não dar conta”, não alcançar, deixar que o que quero para a minha vida de agora adiante escape entre os meus dedos, como a água que passa e depois de alguns instantes não deia rastro, pois o ar a seca... se bem que a sensação de frescor continua! E, assim, revitaliza a pele... Será que eu precisarei revitalizar os meus sonhos? Espero mais é que consiga conquistá-los por agora!!! Digo isto porque estou torcendo muito para que eu passe em uma seleção que estou encarando como a minha possibilidade de viver ou apenas sobrevivier, como a possibilidade de seguir sonhando ou de voltar atrás nos sonhos, estaqueá-los, pará-los... para, como um novo sopro de vento no rosto, em alugum outro momento, voltar a sonhar e realizar. Ai, que eu consiga abrir novas rotas de viagem...!

15.10.04

Ando pensando sobre a minha insegurança...

Em muitos momentos me vejo “sitiada” pelo medo; me vejo “ilhada”, com muitos caminhos possíveis pela frente mas sem saber que “rumo” tomar ou, ainda, ao ter decidido o tal rumo sem me ver possibilitada pela escolha (escolhida)... Ando pensado muito sobre isto. Talvez eu me veja “menorizada” e precise me justificar, mostrar incessantemente as minhas “defasagens, deficiências, falhas”... e, por isto mesmo, não me ache capacitada para assumir determinados compromissos, vencer certas batalhas. E este modo de eu me sentir, me ver e enunciar a mim mesma produz efeitos que voltam sobre mim: produzindo os modos de me enxergar e dos demais energarem a mim mesma.
Como os demais verão a mim? Insegura, não capaz, em deficit, etc. Costumamos falar que não nos preocupamos com a opinião dos demais mas acho que isto realmente não passa de uma “balela”, uma vez que vivemos em relação com as demais pessoas e não enterrados dentro dos pisos de nossas casas.
Mas por que falar de mim neste espaço? Será devido um certo desejo narcísico de me mostrar, me narrar...? Eu já acho que meu desejo de falar de mim é para que eu possa, ao menos por breves instantes, me reconhecer, apreender em um pequeníssimo período de espaço-tempo o que estou sendo em alguns momentos, fotografados através destes flashes de escrita que vou criando... Afinal, será que cada um de nós não necessita se expor para que possa se ver de uma maneira diferente e, assim fazendo, poder lembrar, mesmo que um minuto depois, como foi e..., assim, ver o pequeno tempo que nos distancia do que fomos...?